tempo teimoso

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Momentos



Desci à terra quando percebi que já restavam poucos e que a todos o caranguejo tinha feito das suas. Não queria, nem quero ser a próxima. Segui o conselho de quem bem me quer. Meti-me no comboio e rumei à cidade.

Voltar ao IPO era castigo maior. Sai muito cedo para cedo lá chegar mas perdi a coragem ao fim de meia dúzia de quilómetros. Voltei, estacionei a furgoneta, comprei bilhete de Alfa ou Intercidades, não interessa qual e estendi-me no banco.

Despedi-me da minha Meia-Praia chorando silenciosamente. Passei Portimão, Tunes, Funcheira e não sei mais. Em Entrecampos as portas abriram e fui. Andando.

Era Primavera e chovia muito. O céu e eu choviamos juntos, passo a passo, avenida de berna fora, sem sombrinha, sem casaco, sem companhia, com medo, com raiva, com muita dôr.

Foi difícil passar os portões por onde já tanto tinha entrado levando esperanças de que nada serviram.

Num banco chorava. Passei. Chorando também. Passaram horas. Voltei. A chuva continuava a cair. Ela continuava lá, chorando, molhada. Nem sei se mais de lágrimas se mais de chuva. Encontramo-nos num abraço fugido, assim meio a medo. Depois ficámos por lá, falando, horas e horas. Sem tempo ...